A ideia tradicional de que o gato de alimenta de peixe e leite, não é mais que um "erro" que convém desmistificar. Todos os felinos são carnívoros e o gato doméstico não é exceção: Como tal, adora carne, tendo requisitos especiais em termos de proteína, vitaminas e gordura.
No entanto,essas necessidades vão variando ao longo da vida do animal: um jovem não requer necessariamente os mesmos nutrientes de um adulto, pois nos primeiros meses de vida o seu crescimento é de tal forma acelerado que exige uma maior proporção de vitaminas, minerais e proteínas.
Durante a primeira etapa da vida (até aos 8 - 10 meses), a completa formação de dentes e esqueleto exige valores de cálcio da ordem dos 1.3% do total da composição do alimento.
Em adulto, este mineral é também imprescindível, mas em menor quantidade - cerca de 10%. Só durante os primeiros 3 meses de vida o gatinho deve beber leite: de início o materno e posteriormente (sexta semana), apenas leite próprio para gatos.
A alimentação do gato adulto deve limitar-se à ração liofilizada, vulgarmente designada por "ração seca", "bolinhas" ou "croquetes". Este tipo de alimento, para além de extremamente higiénico e prático (adquire-se em embalagens de poucos gramas a cerca de 15 quilogramas, pronta a fornecer ao animal).
Apenas exige a presença de uma tigela com água limpa e fresca.
O recurso a alimentos confecionados em casa, que tanto prazer dão ao animal, não é a melhor opção. Apesar de adquirirem peixe de qualidade, adicionarem legumes e arroz ou massa, os proprietários não conseguem elaborar uma refeição de acordo com as necessidades do seu gato.
Uma dieta dita equilibrada, exige o fornecimento de cerca de 35% de proteína (ovos, frango, cordeiro ou peixe), gordura (por exemplo a de frango que aporta excelentes quantidades de ácidos gordos essenciais à boa qualidade do pelo. Deve compor aproximadamente 25% numa ração de crescimento mas apenas 7% numa destinada a dieta para emagrecimento), assim como hidratos de carbono, sob a forma de trigo, milho ou arroz.
Os alimentos enlatados, regra geral mais palatáveis, têm um elevado conteúdo em água - chega a atingir 80% - sendo portanto mais degradáveis.
Para além desse contra, a adição de corantes e conservantes faz com que animais cujas refeições são quase na totalidade compostas por esse tipo de alimentos, apresentem por vezes distúrbios digestivos, como o timpanismo (acumulação de gases) ou diarreia.
As rações disponíveis no mercado tentam assegurar os valores mínimos admitidos para os diferentes nutrientes. Há, no entanto dois nutrientes que devem ser bem avaliados aquando da escolha da ração a fornecer ao nosso bichano:
- o teor em taurina, ácido aminado essencial aos gatos, pois não o conseguem sintetizar, devendo ser fornecido em durante toda a vida do animal mas principalmente durante o crescimento e velhice (cerca de 2000 mg/kg de alimento) - é muito importante ao bom funcionamento do coração!;
- a concentração em magnésio, mineral imprescindível ao bom funcionamento muscular, mas que em excesso facilita a urolitíase ou seja, a formação de cristais no aparelho urinário.
Como a uretra dos gatos, nomeadamente nos machos, é extremamente fina e sinuosa, a existência de cálculos no tracto urinário pode implicar uma obstrução que se não tratada a tempo pode ser letal - verifica-se acumulação de ureia no organismo, a qual vai atuar como um veneno, podendo matar o animal por intoxicação.
A ingestão deste mineral deve ser controlada a um máximo de 50 mg diários, o que regra geral é possível com uma boa ração.
Os gatos a partir dos 6 - 7 anos, devem ingerir um alimento mais pobre em calorias, o que é conseguido pela substituição dos teores de gordura por açúcares, ou pelo aumento do fornecimento de fibras. Nestes animais e principalmente se se tratam de machos castrados, há que dar especial atenção à concentração de magnésio e fósforo ingeridas, pois são muito propensos a problemas renais.
Como melhor solução, deve-se optar por uma dieta específica cujo valor nestes minerais é reduzido apenas ao que é mesmo necessário ao bom funcionamento do organismo do animal.
Se tivermos em conta todos estes conselhos, o nosso gatinho agradecer-nos-á as deliciosas refeições que lhe fornecemos, mantendo-se saudável e connosco partilhando muitos episódios ao longo da vida.
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